Sobre a minha solidão

Essa semana eu tentei explicar pra minha mãe esse vazio que faz morada em meu peito, e eu disse a ela:

- Tem dias que parece um pequeno vaga-lume que brinca com o urso, mas tem dias que é o próprio urso!

E ela olhou pra mim e disse:

- Você precisa levantar da cama e procurar algo pra fazer.

- Eu sei, Mãe! Mas é mais forte que eu. Tem dias que eu só quero me enroscar nos cobertores e dormir. Sim, dormir pra que as horas possam passar mais rápido e essa ansiedade não toma conta de todo o meu corpo. Porque é realmente difícil quando ela consegue preencher todos os espaços dele. Minha mente não para. Eu não consigo dormir, por isso que quando eu consigo esvaziar a mente eu durmo.

- Você deveria contar carneirinhos. Funciona. Você já tentou? - Ela disse.

Eu olhei para ela um pouco arrependida de ter começado aquela explicação, porque a insônia era algo frequente. A minha mente não consegue perceber que é hora de descansar, na verdade eu nem sei se ela conhece o significado dessa palavra.

- Sabe mãe, eu só queria poder sair pela rua sem pensar 3221564 vezes em tudo o que pode acontecer. A minha casa é bem mais segura que todo aquele mundo que se esconde atrás da porta. Muitas vezes ela me protege dos meus pensamentos. Mas as vezes nem ela consegue me livrar da loucura que é a minha mente.

- Mas filha... você não precisa ficar o tempo todo só.

- Eu sei mãe. Mas as vezes é melhor ficar sozinha do que com alguém que não entende o meu silêncio, e pior com alguém que não aguente as verdades do meu silêncio. E sim, mãe, as vezes é aterrorizador, mas eu me esforço pra levantar da cama pela manhã. Luto com toda as forças que ainda restam em mim. Mas tem dias que é realmente difícil.

Algumas lágrimas caíram de meus olhos e ela beijou minha testa. Alguns pensamentos pareceram respirar mais aliviados. Mais ainda restava uma dúvida:

- Mas me diz, mãe: Como eu faço pra colocar toda essa bagunça em ordem?

____Ruana Lins