O veneno da doce menina

Estava uma maldita noite fria. Mesmo assim a menina era tomada pela vontade de entender quem realmente ela era, o que fora destinada a ser.  Deitada em sua cama ela sentia as lágrimas escorrerem por sua face, era como se lhe faltasse um pedaço. Um amor. Um colo. Um saber o que fazer quando a vida pedia mais do que ela conseguia oferecer. Ninguém conseguia entender porque ela andava tão afastada dos amigos e da família. Nenhum ser tinha coragem de sentar ao seu lado e ficar em silêncio, pois ele gritava para aos quatro cantos verdades assustadoras.  Quando sentada em sua janela tarde da noite ela se perguntava se algum dia encontraria alguém que não a julgasse; alguém que entendesse seus sentimentos e explicasse os pensamentos obscuros que passavam em sua mente durante o dia.  Pedia desculpas a sua alma por sempre estar pensando em desistir da vida, por nunca tentar mais do que uma ou duas vezes, por nunca ser aquela em que tanto sonhava ser.  Conhecida como "a garota

Você vai conhecer garotos interessantes mas não deixe que eles te iludam. Diga a sua mãe que não quer aprender teclado e sim violão, mas diga isso com cuidado pois ela pode ficar triste com as suas atitudes de adolescente rebelde. Você deveria ter estudado mais para aquela prova de matemática, você vai se arrepender quando vir a nota e o professor lhe chamar atenção quando você estiver indo para a aula de educação física. Por favor não brigue com a sua melhor amiga pois serão os piores quatro dias da sua vida. Não sair de casa é uma droga; divirta-se mais e leve com você sua amiga/irmã. Faça mais cursos e comece a pensar no que você realmente deseja fazer no futuro. Logo descobrirá que está prestes a perder a pessoa em quem você mais confiou na vida. Você vai sofrer, mas não se deixe chorar por tanto tempo durante a noite pois você sempre soube o quanto o seu sorriso era importante para ela. Aos 16 você vai dar o seu primeiro beijo e vai ser um momento incrível, mas por favor: NÃ

Estava frio e escuro na coxia, as pessoas começavam a chegar e o frio na barriga também. As horas voavam, o texto decorado na última hora se perdia em meio a tantos pensamentos. "O nascimento de um sonho... A morte de outro". Estava quase na hora. Arrumei alguns fios de cabelo e me posicionei no meio do palco, ouvi as pessoas começarem a ficar em silêncio. Comecei a rezar, (o que ultimamente eu achava uma grande tolice). O produtor deu um sinal para que as cortinas abrissem e o show começasse; Olhei de um lado para o outro, novamente estava sozinha. No escuro.   As cortinas já mostravam metade do meu corpo, faltava pouco para eu ser totalmente exposta. A única vontade era sair correndo. Já não lembrava o texto, provavelmente era apenas o primeiro pânico. Dez segundinhos e tudo teria passado. É... não passou. As pessoas olhavam para mim, eu olhava para elas. Rostos conhecidos sentavam na primeira fila e esperavam por minha atuação. Abria a boca, mas as palavras parecia

Todos os dias eram cinzas. Uma garotinha. Um sonho. Em uma pequena casa no campo. Suas lágrimas faziam sonhos desaparecem. Tinha apenas em suas mãos uma fotografia e a boa lembrança de um dia poder ter convivido com ele. Mas aquilo não era o que a garotinha necessitava, ela odiava os pensamentos que lhe ocorriam durante o dia e o não ter o que fazer quando a noite chegava. Sempre lhe disseram que o seu defeito era amar demais e perdoar na mesma intensidade.   Os dias passavam. No quarto estava seu irmão mais novo que pintava no chão azul imagens de uma vida feliz. Chovia lá fora, seu Pai roncava, sua Mãe fazia de tudo para protege-los. E ela implorava para que a chuva ficasse, porque nada no mundo era capaz de tirar aquela sensação de vazio do seu coração. Ela sentia falta do garoto, dos seus olhos, do seu sorriso e das conversas jogadas no andar de cima quando estava chovendo e eles não podiam brincar no quintal.  La estava ela, pendurada na janela com o coração na mão e mui