Dos encontros que o ônibus nos proporciona


Um dia normal. O sol brilhava alto no céu quase sem nuvens de uma terça-feira de janeiro. Os pensamentos passavam do dia monótono que seria a aula para a possibilidade de estar bem longe de toda essa realidade no ano que está por vir. Cumprimento o amigo da minha irmã, trocamos algumas meias palavras e voltamos para as nossas posições originais. O ônibus demora mais que o habitual, olho para o relógio, 13h. Resolvo pegar os fones de ouvidos, mas o ônibus da sinal de que está chegando. Devolvo a bolsa para a posição original. Faço sinal para que o ônibus pare. Subo. Fico com um pouco de raiva, o ônibus está muito cheio, terei que ir em pé e no apertado. Pago a passagem e passo na roleta. Resolvo permanecer ali, próximo a catraca. Coloco a bolsa para a frente para não atrapalhar as outras pessoas que eram corajosas o bastante para atravessar o longo corredor até o final do ônibus, nas condições que ele se encontrava. Finalmente me desligo, presa em meus loucos devaneios. morro. 
De repente sou acordada, "posso segurar a sua bolsa?", ele pergunta. Sorrio e respondo que sim, entregando-a. Ele me devolve o sorriso, e aquele sorriso modifica o meu dia. Volto ao me desligar e no meio do percurso surge uma cadeira, me sento. Pego a bolsa e ele me sorrir de novo, lhe entrego meu sorriso mais sincero de volta. O ônibus volta a fazer o seu trajeto. É dificil manter meus olhos afastados dos deles, provavelmente pra ele também. E de repente nossos olhos se encontram ao mesmo tempo e sorrimos disfarçando que nada tinha acontecido. Passamos todo o restante do percurso provocando nossos olhares e sorrisos. E eu penso: "Por favor fale comigo. Por favor, não deixe isso acabar aqui.". Resolvo quebrar o silêncio, já no final do destino. Trocamos algumas palavras, nossos nomes e nossos cursos.  Cada um volta pra sua vida e ele vai sem saber o quanto melhorou o meu dia. Talvez nos esbarremos de novo.
E no final do dia nos encontramos no Facebook  e a conversa parece não acabar. Mas o que pode ser isso? eu não sei, mas vou deixar rolar. 

____ Ruana Lins

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